domingo, 29 de julho de 2012

Nem tudo é o que realmente aparenta ser!

A mulher das palavras ásperas ... A vi tantas vezes, mas só hoje, de fato, a notei. Havia tantas marcas no seu rosto quanto histórias para contar. A mulher é velha e tem olhos opacos. Fingem indiferença a quase tudo o que a cerca. Lembro que, quando eu mais nova a achava brava. E tola. A mulher gritava sem motivo. Impunha suas verdades e tinha um comentário maldoso sobre todo e qualquer assunto. Me distanciei o máximo que pude durante anos. Embora fosse conhecida da família, achava uma desculpa sempre que me convidavam a visita-la. Tinha sempre uma tarefa mais importante a fazer. E quando não tinha, eu inventava. Ontem recebi uma notícia. Ela precisava de ajuda. Me aproximei. De perto, pude notar as marcas do tempo na sua face. As palavras que antes ela dizia com irritação, agora eram ditas com palavras baixas, como quem não quer rasgar o silêncio e, por isso, sussurra. Como fui tola! Ninguém é quem mostra ser. Há sempre uma camada de maquiagem nas atitudes. Há sempre um pouco de mentira no tom de voz. A mulher é apenas triste. Triste porque é só. Triste porque a vida rasgou seus maiores sonhos e a impediu de caminhar. Me sinto culpada por não tê-la amado como devia. Me sinto culpada. As pessoas não são eternas. Há pouco tempo para ama-las.